terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Prejuízo chega a R$ 250 milhões e Minas pede socorro à União

                             Rio Verde transbordou e alagou o Bairro Cinturão Verde, em Três Corações (Foto Carlos Rhienck)


Dinheiro será usado para recuperar estradas estaduais e reparar estragos em municípios afetados pelos temporais


Carlos Rhienck
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Casas ficaram encobertas no Bairro Cinturão Verde, em Três Corações
TRÊS CORAÇÕES – Enquanto o governador Antonio Anastasia anunciava o pedido de R$ 250 milhões à União para reparar danos causados pelas chuvas, moradores do Bairro Cinturão Verde acusavam, ontem, a Prefeitura de Três Corações, no Sul de Minas, de falhar na assistência às vítimas de enchentes. A região, uma das mais atingidas pelos temporais, concentra 14 dos 84 municípios do Estado que decretaram situação de emergência. Desde o início da temporada chuvosa, em outubro, houve 16 mortes e 2.594 pessoas ficaram desabrigadas em território mineiro.

O protesto em Três Corações foi feito com pneus em chamas. O Cinturão Verde tem 150 famílias vivendo em área de risco, às margens do Rio Verde. Segundo os manifestantes, pessoas afetadas pelas chuvas, mas que estão na casa de parentes, não estariam recebendo ajuda do município, como alimentos. A prefeitura alega que está cadastrando os atingidos para a entrega de donativos.

Além de Três Corações, que enfrenta a pior enchente desde 2000, Itumirim, Itamonte e Alagoa, entre outras cidades da Região Sul, sofrem com inundações. Nos cálculos do Governo do Estado, os prejuízos em Minas somam R$ 250 milhões, valor que inclui estragos nos municípios e nas estradas estaduais.

A estimativa foi divulgada após reunião entre o governador, a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros, a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) e o Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas).

Do investimento necessário, R$ 100 milhões serão destinados exclusivamente para obras nas estradas estaduais. Segundo o secretário de Estado de Transportes e Obras Públicas, Carlos Melles, foram identificados 105 trechos da malha viária mineira com intervenções, sendo que algumas delas estão interditadas ou funcionando em meia pista. Mais de 100 pontes e bueiros precisarão ser refeitos.

Ao todo, 5 mil quilômetros de rodovias foram danificados pelas chuvas e o número de pontes destruídas chegou a 113 – um aumento de 82,2% em apenas uma semana. “Em alguns pontos, as obras já começaram com esforço e recursos do próprio Estado. Mas nossa maior dificuldade é o projeto das obras. Temos que fazer um mutirão com os municípios e ajudá-los a produzir estes projetos, para que possam receber a verba e realizar as obras”, diz o secretário.

A situação das rodovias mineiras é pior na Zona da Mata, no Vale do Rio Doce, no Vale do Aço e no Sul. O diretor geral do DER-MG, José Elcio Montese, informou que a estrada que liga Aiuruoca e Alagoa, no Sul, recebe desde ontem ajuda do Exército para garantir o restabelecimento do trânsito.

Quedas de barreiras e alagamentos interditaram oito rodovias estaduais. Uma delas é a MG-423, em Papagaios, no Sul. A ponte de acesso à BR-352 está com trincas. Nove rodovias federais em Minas estão com o trânsito liberado em apenas uma pista por causa da queda de encostas. Entre elas está a BR-356, em Ouro Preto, na Região Central.

Até agora, as chuvas deixaram 78 feridos e destruíram 250 imóveis no Estado. A ONG inglesa Shelterbox, que vai destinar duas mil barracas para servir de moradia temporária para famílias do Rio de Janeiro, estuda a possibilidade de estender a ajuda a outros estados. Estruturas semelhantes já foram usadas por desabrigados no terremoto do Haiti. Têm capacidade para abrigar até dez pessoas e possuem equipamentos de sobrevivência como cobertores, panelas e talheres.

84 cidades decretam emergência
Das cidades mineiras que decretaram Situação de Emergência devido às chuvas, 21 tiveram o pedido homologado pelo Governo do Estado e outras 21 tiveram a solicitação arquivada. O motivo, de acordo com o coronel Luis Carlos Dias Martins, chefe da Defesa Civil de Minas Gerais, é que o volume de danos foi pequeno nestas localidades. “A situação de emergência é um trâmite necessário para que o município receba verba dos governos estadual ou federal. Como em alguns casos o prejuízo é pequeno, não julgamos viável a disponibilização de verba”. O pedido das demais cidades está sob análise.


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